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quinta-feira, 13 de abril de 2023

READ ON - Concurso de Escrita Criativa

 



Eu, cidadã? Claro… nem hesito

Era um dia normal, como tantos outros… 

A verdade é que posso começar assim, porque, infelizmente, em todos os dias ditos normais acontecem destas cenas maradas.

Estava às compras com a minha mãe e as minhas tias, numa rua muito conhecida do Porto, e presenciei uma cena horripilante. Uma pessoa do sexo feminino e de raça preta, sem abrigo, estava a ser maltratada por um homem que também parecia ser sem abrigo. Ninguém foi ajudar. Por medo? Por pensarem que nada disto era com eles?

Os homens que por lá passavam nada faziam e, por incrível que pareça, nem as próprias mulheres que viam aquela estupidez humana. Os homens não atuaram… é verdade, mas não me admirei, mesmo não podendo generalizar, atrevo-me a classificar a maioria masculina como machista. Mas e as mulheres?

Arre … somos mulheres… somos iguais… devemos reclamar, gritar pelos nossos direitos, denunciar…

Foi o que fiz. Peguei no telemóvel e liguei para o 112. Foi o primeiro número que me veio à cabeça.

Pois bem… parece que este mundo está cada vez pior. 

— Século XXI, gente ! – gritei eu, a plenos pulmões.

Mas não me dei por satisfeita e tornei a gritar, agora com mais força.

— Século XXI, gente!
A minha mãe ficou perplexa a olhar para mim. Ela sabe que eu sou muito educada, mas, em momento algum fiquei calada perante uma situação que acho discriminatória ou que impede alguém de não ser incomodado.

Ah… aconteceu um momento de silêncio e depois todos os que por ali estavam começaram a tratar de acalmar o homem. Não foi preciso intervir muito, porque a polícia chegou em poucos minutos. Afinal estávamos numa rua do Porto muito movimentada e há sempre polícias por ali.

Isto passou-se comigo, mas deve haver tantos casos por aí!..  Por isso, nenhum dia será normal enquanto alguém agredir, discriminar e violar os direitos que temos de ser livres e felizes.

Érica Nogueira

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