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terça-feira, 30 de abril de 2013

Texto premiado no concurso "Uma Aventura... Literária"

    Futilidade ou sentido de oportunidade?
      
          André, o mais velho, sempre atento e protetor, João era o graçola do grupo, não perdia uma oportunidade para fazer uma piada sobre qualquer situação, Joaquina e Maria eram primas, mas muito diferentes. Os amigos diziam que Joaquina era fútil e Maria era conhecida, entre os colegas da escola, por maria-rapaz. João tinha um pastor alemão que presenteava o grupo com traquinices, mas assemelhava-se ao André na missão de salvamento do conjunto quando um elemento mais afoito se metia nalguma trapalhada.
          Em tempos de férias, todos os dias iam para a praia de bicicleta, sempre com o cuidado necessário a ter-se quando se anda de velocípede, até porque o André não permitiria que assim não fosse. Divertiam-se muito na praia. A água transparente e azulada invadia-lhes a imaginação e os quatro amigos, quer dizer, os cinco, não podemos esquecer o Radar, o pastor alemão, reinventavam a praia à sua maneira. Todos os dias eram inovadores, pois o mar imenso, o céu sem nuvens e a areia limpa, todos os dejetos do Radar eram cuidadosamente retirados da areia, inspirava-os e, por isso, os gracejos, as brincadeiras e a criatividade imperavam naquele sítio.
          Chovia torrencialmente… as mensagens começaram a correr e, quebrando a rotina por causa de uma chuva forte de verão, resolveram não ir à praia naquele dia. Por volta das treze horas, os telemóveis começaram a tocar outra vez. O noticiário da uma abriu com a notícia “Praia interdita…”. Nem queriam acreditar no que estavam a ver e a ouvir. Os SMS trocados entre eles foram rápidos e alarmantes, mas nunca imprecisos, porque o sentimento de zanga era mútuo. A urgência de descobrir o que se passava era muito forte, por isso tiveram que ignorar a proibição do uso de telemóveis à mesa. E, assim que foi possível, encontraram-se todos na praia.
          À chegada, aperceberam-se da dimensão dos estragos. A multidão aglomerava-se à volta da fita de segurança e dos vários avisos de perigo. Havia repórteres de diferentes canais de rádio e televisão, policiais, bombeiros e curiosos. Maria era a que mais resmungava, mas todos estavam revoltados por descobrirem que havia gente capaz de poluir o que eles consideravam um paraíso. Um morador disse-lhes que, durante a noite, tinha ouvido uns camiões.
          - Que podia eu fazer? Normalmente há corridas ilegais por aqui. Estou farto de fazer telefonemas para a polícia, mas quando chegam já não encontram cá ninguém, só marcas de pneus no chão.
          Maria não se pôde conter e, como sempre agia por impulso, passou por debaixo da fita de segurança e Radar seguiu-a, não fosse ela meter-se em complicações. Juntos descobriram marcas de rodas de um camião e seguiram-nas até encontrarem um bidão no chão com a etiqueta de uma empresa e, à volta, resíduos que pareceu à Maria idênticos aos da praia. Maria usou, mais uma vez, o seu telemóvel e deu indicações aos companheiros do local onde se encontrava. André e João chamaram a polícia, mas Joaquina, sem que estes se apercebessem, telefonou para a comunicação social, pois receava que os polícias não os levassem a sério, e assim sempre poderia ficar em frente a uma câmara de televisão. Seriam os seus 5 minutos de fama e a pressão dos jornalistas faria com que a polícia tomasse todas as diligências para descobrir os causadores da poluição.
          - A polícia vem aí – gritou o João.
          - Espera… vêm também repórteres… olha… ali… Joaquina… tantos…
          Ia dizendo a Maria quando, de repente, se viraram e gritaram ao mesmo tempo:
          - JOAQUINA!
          - Olhem… a nossa top model – disse o João.
          Joaquina já estava entre os jornalistas a contar tudo o que sabia. Ora se virava para a direita e ajeitava o cabelo, ora perguntava a um repórter de imagem qual era o seu melhor ângulo. Os amigos começaram a rir, aquilo era mesmo da Joaquina, mas também entenderam que a sua futilidade não era de todo inútil, pois, provavelmente, se não houvesse tanta algazarra, os policiais poderiam não dar tanto interesse àquele achado. O Radar abanava a cauda e dava uns latidos de satisfação, ele também ajudara para que tudo se resolvesse.
          - Daí até descobrirem os causadores desta poluição foi fácil, a empresa causadora não quis prestar nenhuma declaração aos jornalistas e agora está a responder a um processo. Desconfia-se, no entanto, que aproveitaram a forte chuvada para despejarem os detritos à beira da costa. O grupo espera que seja severamente punida para que sirva de lição a todos os que invadem com lixo líquido ou sólido qualquer espaço a troco da poupança de alguns euros, pois a reciclagem está para durar, porém para os gananciosos pode parecer cara e infrutuosa.
                                               Alunos do 8.ºB do Agrupamento Vertical de Escolas do Sudeste de Baião
                                                                                                       Concurso Uma aventura literária 2013

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